sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Exorcismo

Eu deixo você ir
Mas não esqueça a Lavradio
Nem a Channel em casa

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o escondidinho de carne
Nem o telefone fixo

Eu deixo você ir
Mas não esqueça a pedra
Nem o meio termo do chuveiro

Eu deixo você ir
Mas não esqueça da vitrola
Nem de Ella and Carlos

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o apartamento escuro
Nem o banho no breu

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o som de Baby
Nem que dentro da menina, o menino dança

Eu deixo você ir
Mas não esqueça os 7 filhos
E da passagem para Abril

Eu deixo você ir
Porque é o que me resta
Eu também já vou, porém sem pressa
Só não esqueça.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cacos

De novo, eu me refaço. Desses frangalhos provocados por mim mesma, me reconstruo. Sempre sei dos riscos ao me lançar na vida. Ao apostar no invisível e me deixar guiar pelo faro confuso e intenso dos sentimentos. Eu sou dessas pessoas que sempre pagam pra ver. Não sei até que ponto isso é ruim ou bom. Na real, perdi esse discernimento há algum tempo, pelo bem de mim mesma. Bom é o que me faz bem, ruim eu não conheço. Prefiro achar que é aquilo que não foi assim tão bom. Porque se a gente for olhar minunciosamente, sempre é bom, de alguma forma, para alguma coisa. Sempre é. Por isso que eu vou lá e pago mesmo. E me entrego, vivo, suo a camisa orgulhosamente. Evito a sensação daquela música de algum ex-Titãs: "Devia ter arriscado mais, ter feito o que eu queria fazer...". Eu não devia nada. Sigo o meu faro e não tenho essa dívida. Não fico devendo nada a ninguém. O que não significa que eu não tenha medos, receios, claro que os tenho. Mas escolhi não petrificar. Eu sou movimento, vento, onda, água de cachoeira. E não fico devendo nada a ninguém. Principalmente a mim mesma, jamais.

Hoje me refaço, mais uma vez, em meus frangalhos. O amor sempre vale. 


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Não esqueça de lembrar.

Acordo e é a primeira cena que me vem a cabeça: Os teus olhinhos caídos e a sua boca côncava. A testa franzida, quase juntando as sobrancelhas. A minha respiração de grávida ainda mais ofegante e o gosto do sal das lágrimas em minha boca. O teu abraço apertado sem me deixar partir. O meu corpo amolecido, implorando por ficar. As tuas últimas súplicas: "Fica...". A dor dilacerante no meu peito, as pernas que não obedeciam o curso de descida das escadas. Você dentro de casa. Eu parada no meio da escada, sem conseguir descer nem subir, com um "PORQUE?" enorme rondando minha cabeça. Um não, vários. Resta, agora, uma angústia enorme e diária. O medo de vir a ser apenas uma lembrança boa, de que a gente vire um céu nublado e a clareza da grande probabilidade desses acontecimentos rasgando o sonho de um futuro pra três. Seja como for, seja o que for,só te peço que não nos esqueça. Mais do que isso: Que não nos reduza. A gente é enorme.

E que seja doce...



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pé na Tábua




Furacão.
Tempestade.
Vendaval.

Calmaria... Calmaria...
Calmaria-quase-tédio.

Destino.
Mistério.
Borboletas no estômago.
Destino cruel.

Fé...


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Anunciação.

Mulheres, engravidem! Isso mesmo, se vocês tem vontade, engravidem! Eu sei que tem todo esse papo de "não tenho uma estrutura para larilarálará...". Certo, acredito que há de se haver uma prudência, mas a estrtura se cria! Não dizem que a ocasião faz o ladrão? A gente trabalha para depois receber, não é mesmo? Uma coisa é consequência da outra. Acredito que com a maternidade, surge a estrutura para ela. Fato é que eu achava que já tinha sido feliz. Eu achava que já tinha tido um grande amor. Eu achava o meu corpo bonito. ACHAVA. Pode parecer clichê,  mas ser feliz é isso que eu sinto! É passar horas a fio acarinhando uma pequenina barriga, é conversar sozinha. Se tornar plural. Não sou mais eu, somos nós. Nós estamos bem, nós vamos viajar, nós comemos muito. É um amor... É um amor... Que é amor, sabe?! Só isso e tudo isso. O corpo fica mais bonito, a pele fica mais bonita, cabelo, olhos, coração... Tudo. Que vem de dentro pra fora. Meu corpo não é somente meu corpo. Agora é a casa do Inácio. E é assim que eu o vejo, meio como um santuário. Muito mais dele do que meu. Porque é para ele que meus peitos crescem, que a minha barriga cresce, que o meu rosto arredonda, que a minha bunda pesa. Para ele, pro conforto dele. E eu fico enormemente orgulhosa em poder oferecer o meu corpo, meio quarto-e-sala, para que ele se esbalde. 


Sou sua, Inácio! Obrigada por viver em mim.


Eu queria poder postar essa foto como ela realmente é. Mas sei que a pequenez humana ainda prevalece e mesmo com essas tarjas pretas ridículas, ainda serei criticada por ter postado. Eu, realmente, lamento ( e cago e ando, também!).

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Salve Simpatia!

Tanta coisa aconteceu nesses últimos meses... Uma guinada total na minha vida. Abrindo mão dos meus maiores prazeres, e descobrindo outros tantos, incomparáveis. Mudei de casa, de rotina, até de número do sutiã. As amizades também mudaram. Existem fases nas nossas vidas que funcionam como verdadeiras peneiras. O suco passa, o bagaço fica. Aí quando você vai olhar o que ficou na peneira, muitas vezes se surpreende, não entende porque aquilo não passou para o copo, já que sempre bebeu daquela fruta. "Talvez seja necessário jogar um pouco mais de água", pensamos. Jogamos e nada. O bagaço continua lá. Mas também existe surpresa com o líquido altamente selecionado que passou. Surpresa das boas! E certezas também... É o momento em que olhamos para lá e falamos: "Ah, você eu sabia que estaria aí!". Mas alguns "sumos", são verdadeiros tesouros impensados. Jamais acharíamos que estes passariam pela peneira, e eles não só passaram como dão todo o sabor ao suco, que tem alimentado minh'alma e nutrido tão fortemente o meu coração e o meu ventre de amor purinho, purinho.




Aos meus sumos, muito obrigada!


.: Texto dedicado especialmente à meu Lorenão, meu presente do bar da cachaça... Prix.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Sem mais...



... Sem palavras. Te amamos demais, tanto que falar que te amo fica insignificante. É pouco. A gente nunca vai esquecer de hoje...

Muito.

sábado, 6 de outubro de 2012

A vida é cigana

Tive uma infância maravilhosa. Muito mesmo. Minhas duas famílias me proveram vivências que acredito ser oportunidade de poucos. A família Aragão tem ( ainda hoje) uma casa na ilha de Itaparica que era o verdadeiro paraíso para mim e mais de 15 primos, todos na mesma faixa etária. Naquela época o lugar era  ermo, e vivíamos livres para colorir nossas aventuras. A família Bastos dispunha de um sítio, mais conhecido como Chácara Chico Mendes, na cidade de Serrinha, interior da Bahia. Lá a gente tirava acerola do pé, brincava no balanço da mangueira, fazia fogueira, criava pintinhos e galinhas. O sítio já foi vendido, mas a memória dele ainda é muito viva em todos nós. Nessa cidade ainda mora o meu tio querido, Fernando, mais conhecido como Capilé. Amante das palavras (escreve coisas belííííssimas) e da boa música Nordestina, muito do que trago na minha bagagem sofreu larga influência dele. Me lembro dele cantando pra mim, eu era muito, muito pequena, uma música do Geraldo Azevedo, que não lembro exatamente qual. Mas lembro dessa cena onde ele me cantava e explicava a letra, o que ela estava transmitindo: "Entendeu Lancoca?". Eu ouvia atenta. E é esse o som que tenho registrado na minha cabeça fortemente como o som da minha infância. Esses embalados pela voz do Geraldo. Acho que ficava tocando lá no sítio enquanto a vida acontecia e ficou uma coisa meio subliminar. Mas é ouvir qualquer canção na voz sotaqueada desse Nordestino sem igual, para que eu me transporte direto praquele lugar. Posso sentir o cheiro do fifó, do candeeiro da casinha do caseiro, que quando esse não estava, virava casinha das crianças. O gosto ímpar do geladinho da véia Edite. Sinto até as palmadas carinhosas que seu Erasmo dava no meu bumbum: "É Lori!!!". Não há um show que eu assista do Geraldo Azevedo que não me emocione. Já virei até piada dos meus amigos. Todos os shows fico altista. Não converso com ninguém, não olho para ninguém. Não tem como. Eu não estou alí, estou me balançando debaixo da árvore, vento no cabelo, coração de criança. A voz desse cantor vai além do meu coração, suas músicas me projetam pro melhor de mim. Hoje, adulta, vivendo no Rio de Janeiro, acabei de chegar da casa dele, Geraldo Azevedo. Eu estava na casa dele. O valor que isso tem para mim, ninguém calcula. Fico pensando em como o Capilé gostaria de estar alí, como eles se dariam bem, certamente. Por conta dessas coincidências ( será?) da vida, acabei criando amizade com familiares do Geraldo que me proporcionou essa vivência. Aqui no Rio, já tive oportunidade de ir há vários shows, acesso a camarim, foto e tudo mais. Nunca tive coragem de chegar perto dele. Minha mão sua, coração acelera... Aí eu desisto. Mas hoje, não resisti. Estava tudo tão a vontade, ele alí, dentro de casa, comemorando a vida de sua filha, tranquilo, sereno.Eu, morrendo de vergonha, mas pedi ao meu amigo que falasse com ele, o que foi feito na maior tranquilidade e simpatia. Eu, suando mais que corredor de maratona, pensei mil coisas pra falar, dizer o quanto aquele momento me era especial... Nada. Não veio nada. Engasguei, tentando fazer "a natural" pra não pagar mico numa festa particular. Mas tudo bem,  agora já estou satisfeita e muito. Queria dedicar esse post ao Capilé, agradecer a ele pela boa influência e dizer  que sim, eu entendi, tio



"La paz, el amor, la verdadPresente amanhãcoraçãoA paz, o amor, a verdadePresente Mañana, corazón".

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Carta para a MeNina

Ah, minha querida, como me preocupo contigo... Ah, se você soubesse o quanto! Me preocupo porque sei o quanto você é especial e além desse mundo. Seus pensamentos sempre foram além da sua pouca idade, suas reflexões, seus quereres. E é exatamente isso o que sempre me preocupou. Infelizmente, os que enxergam além do óbvio, tendem a sofrer além do comum. Porque é impossível aceitar tanta injustiça, tanta acomodação, tantos baixos sentimentos. Ver que o que tem em grande quantidade é dispensável. O que mais se necessita, encontra-se dissipado pelo mundo em doses homeopáticas. Eu sei que você enxerga tudo isso e sofre com tudo isso. Além das suas confusões interiores, que não são poucas, isso eu também sei. Muitas vezes olho para você e me vejo, não com toda a sua sapiência, mas compartilhando das mesmas angústias aos 20 anos. Se eu pudesse, diria exatamente o que você deve fazer. Porque é verdade, minha cara, eu já vi esse filme. Mas fica parecendo conselho de mãe, que tenta proteger a gente da vida. Meu desejo é realmente esse, proteger você das intempéries da vida, pelo menos das que eu já sei no que vai dá. Não posso. Não tenho o direito de lhe tolhir. Você vai descobrir por suas próprias experiências. Mas me deixa te dizer uma coisa... Não sufoque sofrimentos em paixões descabidas. Não invente paliativos que não fecharão suas feridas. Sua dor não é por alguém, ou alguéns. Não está fora de ti, mas do lado de dentro. Enquanto não encará-la de frente, ela vai se repetir, repetir, repetir... Num ciclo vicioso e masoquista. Encare-a. Você tem força para isso. Interrogue-a, identifique-a e aprenda como lidar com ela. Enquanto continuar andando sem olhá-la, ela vai continuar sendo a sua sombra. Sofra, aprenda a sofrer sem acabar contigo. Suporte. 

E dispa-se.

Te amo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Azul

Fazer o quê?
Se é na delícia do seu afago que minh'alma compadece
E o meu corpo esmurece, suplicando sempre mais?

Fazer o quê?
Se são teus olhos piegas que colorem meus sonhos cinzentos
Afastando o desalento dos meus dias tão sem paz?

Fazer o quê?
Se o teu sussuro em meu ouvido diz muito além dos sentidos
E o teu corpo faz comigo tudo aquilo que ele quer?

Fazer o quê?
Se o meu corpo quer está contigo
E cansou de procurar abrigo em abraços desiguais?
Vê se aceita, não repudia
Meu querer que, em agonia, só quer pra ti ser um pouco mais.



 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Socorro, eu estou sentindo tudo!

O fato de ter ficado em casa sozinha nas últimas duas tardes, por conta de repouso médico, me obrigou a refletir. A gente sempre faz reflexões quando quer, mas quando ficamos sozinhos, se não recorremos a recursos televisivos ou ferramentas do tipo, somos obrigados a. É por isso, acredito eu, que tanta gente não gosta de ficar sozinha. É por isso que em certas fases da nossa vida buscamos os excessos. Bebidas, farras e etc. Essas coisas que fazemos em grupo, mas completamente sós. Eu nunca tive muito problema em refletir. Claro que também tenho a fase pé-na-jaca, mas sempre muito consciente: ok, estou enfiando o pé-na-jaca para não refletir sobre o que preciso. Devemos respeitar isto também. Os excessos são paleativos da nossa fragilidade. Na minha reflexão, pela milésima vez, fiquei pensando à respeito da minha ansiedade. É  demais! Sempre soube disso, mas o diagnóstico clínico de "sangue quente" mexeu comigo ( meu corpo ficou avermelhado e o médico me explicou tudo direitinho, com aqueles nomes difíceis. Mas no final eu questionei: "Então estou com sangue quente?". Ele riu e disse que sim). Sempre fui muito ansiosa e isso muitas vezes me atrapalha. Tenho atitudes precipitadas, sentimentos precipitados. Morro pelo menos 3 vezes ao dia. Acho que isso piorou muito depois que parei de fumar. O cigarro, por mais malfeitor que seja, segurava bastante a minha onda. Mas parei e não quero voltar. E agora, o que fazer? Respira, inspira, respira....Aaaah! Não funciona. Yoga, terapia, caminhada, meditação... Qualquer coisa que se sinta! Tem tantas ferramentas, deve ter alguma que sirva!



terça-feira, 24 de julho de 2012

Hiato


Parece que era uma irmã. Uma amigona pau-pra-toda-obra, dessas com a qual se faz o melhor programa, as maiores aventuras e no dia seguinte faz a gente sorrir o dia inteiro lembrando das barbaridades da noite anterior, sem poder dividir com mais ninguém além dela. Sei lá, pode parecer loucura, mas era essa a minha relação com ela. Tinha intimidade. Lia as coisas que saiam a seu respeito pelo mundo e pensava: “ Criatura, de novo?!?! Tsc!”. Falar do talento e da voz dessa mulher  é um tanto desleal. Não há palavra que consiga definir a exuberância que foi e é a existência de Amy Winehouse. Há um ano, o mundo ficou mais sem graça. As pessoas  ainda mais caretas, a música oca. A partida de Amy deixou um imenso vazio musical que dificilmente será preenchido. Assim como Janis e todos os outros brilhantes do conhecido “clube dos 27”. Assim como Raulzito, Cássia Eller, Elis... E todos os outros que estão há anos luz de nós, reles mortais, que nos contentamos em ouvi-los e criticá-los quanto à conduta imoral, antissocial e degradante.  Quando penso nessas pessoas, verdadeiros anjos libertários que tentaram, à sua maneira torta, abrir os nossos olhos cerrados, quando penso nessas pessoas, sinto felicidade em saber que existiram ao meu tempo... E sinto pena, muita pena de nós!

Saudades das nossas noitadas, querida Amy!




quarta-feira, 11 de julho de 2012

Terceiro milênio.

Não tem jeito, eu não consigo me acostumar. Talvez seja machismo, velhice, ou caretice mesmo. Fato é que não tem quem me faça aceitar toda essa androgenia. Fico pensando se sou só eu... Porque toda vez que ponho essa questão em pauta, fico na minoria. Mas meu Deus, quem foi que disse que é bonito homem depilado?! Pelo amor de Vera Verão?! Ah não... Tá bom gente, eu sei que soa preconceituoso, pode ser preconceito mesmo, mas não me desce. Passar a mão nas pernas masculinas e elas estarem espetando... Encontrar o namorado no salão, fazendo depilação, sobrancelha... Eu hein. Admito, não aprendi a conviver com isso. Gosto mesmo é dos cabelinhos gostosos no peito, pra fazer um chamego bom, dormir deitada...hummm! As mulheres também não ficam atrás. É tanta malhação, e toma num sei quê, aplica sei quê lá, as moças estão ficando um amontoado de músculos. Exercício físico, ok, mas o que é isso agora?! Estão todas atrás de um destaque no alterofilismo?! Sei não viu. Terceiro sexo, terceiro milênio, tudo bem. Talvez o problema seja meu. Preciso mesmo evoluir. 



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carta de Caymmi para Jorge Amado.


Não me ouso a dizer nada... Deleitem-se!


“Jorge meu irmão, são onze e trinta da manhã e terminei de compor uma

linda canção para Yemanjá pois o reflexo do sol desenha seu manto em

nosso mar, aqui na Pedra da Sereia. Quantas canções compus para

Janaína, nem eu mesmo sei, é minha mãe, dela nasci. Talvez Stela

saiba, ela sabe tudo, que mulher, duas iguais não existem, que foi

que eu fiz de bom para merecê-la? Ela te manda um beijo, outro para

Zélia e eu morro de saudade de vocês. Quando vierem, me tragam um

pano africano para eu fazer uma túnica e ficar irresistível.



Ontem saí com Carybé, fomos buscar Camafeu na Rampa do Mercado,

andamos por aí trocando pernas, sentindo os cheiros, tantos, um

perfume de vida ao sol, vendo as cores, só de azuis contamos mais de

quinze e havia um ocre na parede de uma casa, nem te digo. Então ao

voltar, pintei um quadro, tão bonito, irmão, de causar inveja a

Graciano. De inveja, Carybé quase morreu e Jenner, imagine!, se fartou

de elogiar, te juro. Um quadro simples: uma baiana, o tabuleiro com

abarás e acarajés e gente em volta. Se eu tivesse tempo, ia ser

pintor, ganhava uma fortuna. O que me falta é tempo para pintar,

compor vou compondo devagar e sempre, tu sabes como é, música com

pressa é aquela droga que tem às pampas sobrando por aí. O tempo que

tenho mal chega para viver: visitar Dona Menininha, saudar Xangô,

conversar com Mirabeau, me aconselhar com Celestino sobre como

investir o dinheiro que não tenho e nunca terei, graças a Deus, ouvir

Carybé mentir, andar nas ruas, olhar o mar, não fazer nada e tantas

outras obrigações que me ocupam o dia inteiro. Cadê tempo pra pintar?



Quero te dizer uma coisa que já te disse uma vez, há mais de vinte

anos quando te deu de viver na Europa e nunca mais voltavas: a Bahia

está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar

tão verde e o povaréu. Por falar nisso, Stela de Oxóssi é a nova

iyalorixá do Axé e, na festa da consagração, ikedes e iaôs, todos na

roça perguntavam onde anda Obá Arolu que não veio ver sua irmã subir

ao trono de rainha? Pois ontem, às quatro da tarde, um pouco mais ou

menos, saí com Carybé e Camafeu a te procurar e não te encontrando,

indagamos: que faz ele que não está aqui se aqui é seu lugar? A lua de

Londres, já dizia um poeta lusitano que li numa antologia de meu

tempo de menino, é merencória. A daqui é aquela lua. Por que foi ele

para a Inglaterra? Não é inglês, nem nada, que faz em Londres? Um bom

filho-da-puta é o que ele é, nosso irmãozinho.



Sabes que vendi a casa da Pedra da Sereia? Pois vendi. Fizeram um

edifício medonho bem em cima dela e anunciaram nos jornais: venha ser

vizinho de Dorival Caymmi. Então fiquei retado e vendi a casa, comprei

um apartamento na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo,

daquelas duas ‘línguas viperinas, veja que irresponsabilidade a minha.



Mas hoje, antes de me mudar, fiz essa canção para Yemanjá que fala em

peixe e em vento, em saveiro e no mestre do saveiro, no mar da Bahia.

Nunca soube falar de outras coisas. Dessas e de mulher. Dora, Marina,

Adalgisa, Anália, Rosa morena, como vais morena Rosa, quantas outras

e todas, como sabes, são a minha Stela com quem um dia me casei te

tendo de padrinho. A bênção, meu padrinho, Oxóssi te proteja nessas

inglaterras, um beijo para Zélia, não esqueçam de trazer meu pano

africano, volte logo, tua casa é aqui e eu sou teu irmão Caymmi”.
 
 
 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Desnecessário.

Não é só isso. O corpo a corpo, o suor, o peso. Mas não só isso. Cabelos, mãos, suspiros, sussurros... O beijo com finalidade, o abraço com finalidade, um cheiro com finalidade. Bom... Mas não, não só isso. Não me satisfaz, não me sacia. Pra ser bem sincera, até me esvazia. Definha o bem querer. Torna-se reducionista. Olho no olho, carinho no rosto. Beijo com vontade, abraço com vontade, um cheiro com vontade. Nada disso rotula. Nada disso é assustador! O contrário me causa repulsa. Necessidades fisiológicas não ensinaram meu corpo a ser meretriz. Está tudo conectado: corpo, coração, mente. E tudo tem sua pequena parcela de exigências que querem ser minimamente cumpridas. Não adianta tocar, sem tocar. Beijar sem beijar. Não tem jeito, preciso das vísceras. Ou então... Ou então nem precisa.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Passarinho que come pedra.

Toda vez que penso em mim e na minha família, penso e agradeço a pessoa de sorte que sou. A minha família é realmente incrível, como poucas. Meu pai, em particular, é a minha paixão. Não desmerecendo mamãe, obviamente, mas é que o complexo de Édipo atuou de forma forte em mim ( Freud explica).Acabo sempre me envolvendo com homens que lembram meu pai. Meu pai, pra mim, é algo que não consigo descrever. Não dá pra dizer o que eu sinto por ele. Sempre foi o SUPER PAI. Daqueles de cinema mesmo. Adorado por todas as crianças do bairro, da escola. Idolatrado por todos os meus amigos e a saudade de todos os ex genros. É o tipo de pessoa que você conhece e logo identifica: "Esse cara é muito especial". É duro, quando tem que ser. Tem um humor incrível e um coração três vezes maior que ele. Não imagino a minha vida sem meu pai. Aliás, não gosto nem de pensar nisso. Trocaria a minha vida pela dele, se precisso fosse. Por isso, vocês podem imaginar o que acontece, se alguém, por puro descuido ou inconsciência (só posso pensar nesses dois motivos) resolve mexer com Aragão... Eu viro bicho. Saio de mim. Não sei do que seria capaz... E espero nunca precisar descobrir.

Para bom entendedor...



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Eu sou egoísta.

Ai que sensação gostosa! De começo do despertar! Começando a perceber o carnaval fora de época que fiz da minha vida. Necessário, mas megalomaníaco. Bem Lorena, mesmo, fazer o quê não é? Eu e minhas expectativas frustradas. Agora chega. Quero tomar banho, ir ao salão de beleza fazer a unha, cabelo, sobrancelha e depilação completa. Vestir minha roupa da sorte e ser linda. Só não quero voltar para o facebook, porque estar sem ele me faz ler mais, escrever mais, pesquisar mais, enfim...Viver. O problema é quem sem o facebook, meu blog fica aqui abandonado, só eu visito. É ruim, mas é bom, porque por exemplo esse texto, não faz o menor sentido está no blog. Não é interessante, nem bonito, nem nada. É só para mim. Mas e daí? Que seja só para mim então! Quero tudo só para mim agora! Ficar bonita pra mim, trabalhar pra mim, beber pra mim e ser feliz. Para mim, por mim!



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Safena

Sabe o que é um coração
amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.

Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pitos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões

Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
de amar de novo
Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate

O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.




(Elisa Lucinda)




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sob Medida

Ai, eu quero muito chorar! Sabe assim, muito mesmo?! Odeio quando erro, quando estrago tudo! Quando sei que a culpa não é de ninguém, além de mim. De mim e dessa ansiedade louca que me toma, quando meu coração engravida. Essa necessidade de se manter num salto invisível, mesmo quando não há mais o que se fazer, além de pisar firme no chão. Ou nas nuvens! Eu sofro, eu choro, eu faço coraçãozinho no caderno, eu futuco facebook, eu morro de ciúme, eu sonho, eu tenho taquicardia só de pensar e dor de barriga só em avistá-lo. E eu tenho a maior dificuldade do mundo em demonstrar isso! Sou assim sempre! Mesmo quando demonstro sou, de certa forma, fria. Não suporto a idéia de me sentir vulnerável e de correr o risco de ser rejeitada. Aí faço só besteira. Merda mesmo. Finjo indiferença, escrevo sobre outra pessoa, posto fotos felizes e faço todos esses truques pra fingir que não me importo. E vou afundando cada vez mais a chance de estar feliz aonde, com quem e do jeito que eu gosto. Não me entendo...Não me entendo... Dessa vez eu não queria perder. Mas tenho a terrível sensação de que cairei naquele velho clichê: Tarde demais.

Sou igual a você... Eu nasci pra você... Eu presto! Eu presto!

... Apesar de me esforçar bastante pra demonstrar o contrário...

Malu merece!

Ele é tão importante pra mim, que nesse dia tão importante para ele, eu nem sei o que dizer! Só sinto. Toda a felicidade, ansiedade, nervoso, suor nas mãos... Tô sentindo tudo isso como se fosse comigo. Que na verdade é também né?! Quando nossos amigos sentem as coisas muito forte, seja dor ou alegria, a gente sempre sente junto. E ele não é só um amigo, ele é o melhor deles! Realizando o seu maior sonho de vida, aqui, comigo! Pertinho de mim! Eu que não sou mais sua motorista, que já não tomo nossas belas roskas no bar de Geraldo, que não tomo café com ele sob a carinhosa xurria de mamãe, estou aqui perto dele, nesse que certamente é um dos grandes momentos de sua vida. E que vida! Dessas louvavéis. Uma existência para ser aplaudida de pé. Meu orgulho, meu amigo, meu amor, meu melhor sorriso. Falo dele pra todo mundo, porque sinto um orgulho imenso em tê-lo. Uma alma como poucas. Uma força que tem poucos. E uma grandeza que é só dele. Evoé, meu amor! EU TE AMO ( chorando litros!!!) !


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Uma história meio troncha.

Era uma vez a Menina-Coração. Romântica que só ela, apaixonada que só ela e cansada que só. A Menina-Coração andava cansada de ser ela. Há sete anos lutando por um coração menino, ela já se encontrava sem forças, esgotada. Um dia, enquanto passeava com o menino dono do seu coração, a Menina se esbarrou com o Aventura. Naquele primeiro contato foi inevitável que a Menina não percebesse o brilho do sorriso e dos olhos do Aventura, mas no coração não fez nem cócegas, afinal, este estava nas mãos do menino. Mas, como eu ia dizendo, a Menina já estava cansada e resolveu pedir ao menino que lhe devolvesse o seu coração. Ele não queria, dizia que era dele, que sempre foi, mas a Menina estava mesmo obstinada. Foi lá e tomou. Com o coração na mão, a Menina resolveu sair de cena e viajou pra longe, em férias merecidas. No último dia do seu descanso, lá estava ela andando sozinha pelo mar de gente formado pela euforia da festa da carne, quando de repente ela o avista. Era ele, o Aventura. Se olharam, se reconheceram, se cumprimentaram... E se beijaram. O coração da Menina, que ainda estava nas mãos, foi parar na boca! E, curiosamente, ele também estava com o dele na boca! Sem que percebessem, ao se beijarem, um acabou ficando com o coração do outro. Ela voltou para sua casa distante, com o coração dele. Ele voltou para a estrada, com o coração dela. Separados, mas pulsando juntos, os dois decidiram se reencontrar depois de algum tempo, em outro paraíso. Ah, era bonito de ver a alegria e sintonia daqueles dois! Mas, perto deles, tinha a bruxa Cha. A bruxa Cha queria muito o coração do Aventura, mas ela não sabia com quem estava! Ao ver a Menina com o coração trocado, a bruxa não pôde se conter! Tratou de jogar um feitiço desses bem feiticeiros, pior que boca de sapo, pior que ebó de encruzilhada, e tomou o coração do Aventura pra si. A Menina acabou ficando sem o coração dele e também sem o coração dela, que ele nunca devolveu. O que a bruxa Cha não sabia, era que o feitiço tinha prazo de validade. Então, quase dois anos depois, o Aventura conseguiu seu coração de volta! E o destino se encarregou de colocá-lo frente a frente com a Menina novamente. Ao ter o seu coração novamente batendo no peito, Aventura decidiu devolver o da Menina. Eles se olhavam e uma sensação de topor, tomava conta da alma dos dois, que brincavam feito crianças na chuva, na escada, na sinuca. Tinham coisas que a Menina só conseguia fazer e ser, com e pelo Aventura. E via-se que virce e versa. Diversas vezes, o coração da Menina teimou em vir parar na boca, por isso, ela achou mais seguro não beijá-lo, ficou com medo de que trocassem de coração novamente. A Menina agora já não quer mais dar seu coração pra senhor ninguém. Ela voltou para sua casa agora não tão distante da dele. Ele se foi pensando nela. Dizem por aí que por conta da Menina ter negado o coração pro Aventureiro, este decidiu roubar seus pensamentos... Se isso é verdade? Vai saber né...



terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu vim da Bahia.

Tudo o que eu venha a dizer aqui ainda será muito, mas muito pouco para definir o encantamento da noite de ontem. Me travam as palavras. Só posso acreditar que tudo aquilo é divino. Gil, Orquestra Petróbras, Theatro Municipal. Uma junção que não teria como ser menos do que divina. E lá estava eu, mais uma vez no Theatro Municipal (desta vez sem gafes, juro!), onde já senti tantas outras emoções, sempre boas, sempre belas, sempre sublimes. Mas agora era Gil. Nada menos do que Gilberto Gil, acompanhado pela orquestra. Eu, sozinha na minha cadeira, tinha as mãos geladas de ansiedade. Quando estamos distantes do nosso ninho, qualquer coisa que nos remeta a ele é um carinho no coração. Não foi por acaso que me derramei em lágrimas quando Gil chegou, na sua mansidão costumeira, com sua voz e violão aveludados, cantando " eu vim da Bahia cantar, eu vim da Bahia contar, tanta coisa bonita que tem, na Bahia, que é o meu lugar...". A minha vontade era subir na cadeira e cantar junto com ele, bater no peito e dizer que eu também vim de lá! E ai, que saudade eu tenho da Bahia! E eu nem sabia que tinha essa saudade. Porque a má administração da Bahia e de Salvador turvam nossas vistas e não deixam que a gente sinta falta dela, pelo contrário. Mas ver Gil alí, do auto dos seus 50 anos de carreira, tocando Jimi Hendrix, cantando à Bahia e entoando novas composições, inflou meu peito e me encheu de orgulho de ter dendê correndo nas veias. O que vi e ouvi naquela noite, eu vou levar pro resto dos meus dias. Se existe Deus, anjos, dentre tantas outras representações celestiais, estavam todos, todinhos presentes naquela comunhão. E eu só tenho que agradecer à vida por poder ter testemunhado.



Muito orgulho em ser baiana.




Parabéns a todos que fizeram parte desse espetáculo, especialmente ao querido maestro Carlos Prazeres, sempre genial.



sábado, 26 de maio de 2012

Entre o mar e o entardecer.

Eu me deixo enebriar. Na verdade não é questão de deixar-se ou não. Não há múltiplas escolhas, não há sequer uma única opção além de me enebriar. Do teu cheiro, teu sorriso, da luz radiante dos teus olhos que me invadem cada vez mais profundamente e me desnudam, me deixando aterrorizadamente nua. Nua das vestes, das armaduras, rancores, mágoas... Passados. O azulejo que vem de ti me põe no presente. Me renova. Me faz pensar que nasci hoje. E amanhã eu acordo, achando que acabei de nascer. Com a alegria de quem tem um mundo novinho para viver pela frente. A minha alegria que vem de cada passo cadenciado seu, valsando minha vida. E eu? Ah, eu estou aqui!... Dancemos!



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Carreira, dinheiro, canudo.

Não sei o que está acontecendo comigo. Sinceramente não sei. Sei que não estou muito bem, mas não sei em que parte. Tá bom, é mentira, eu sei. Mas poxa, estou metendo a cara no trabalho, ficando em minha casinha bem bonita, tentando me sossegar... Dá pra fazer efeito?! Uma ansiedade que não passa, taquicardia, mãos geladas, cigarro Hollywood vermelho (o cigarro do sucesso). Quero sarar! Aliás, quero sarar logo! Porque eu sei que vou sarar, eu sempre saro... Mas eu queria sarar hoje! Tipo entrar no banheiro e quando sair, sair curada. Estou cansada. Essa necessidade incessante de ti que não passa nem com choque elétrico. Quem lhe chamou?! Quem lhe convidou?! Achou a porta aberta e foi entrando... Pois eu ordeno que retorne de onde veio! É lá que você tem que ficar, no lugar que lhe cabe. Nada de ficar invadindo meus sonhos, minha cama fria, minha tarde de tédio. Vê se me deixa logo em paz... Ou, definitivamente, não!


"Eu adoro um amor inventado."



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ciclotimia

Tem momentos na minha vida, que se eu não escrever, morro sufocada. Uma vontade louca de escrever pra não ter que falar. Para mim é muito mais fácil rabiscar os sentimentos num papel, do que gritá-los. Deve ser covardia o nome disso... Mas às vezes ser covarde é a atitude mais corajosa que se pode ter. Estou aprendendo a dar novas direções a energias que seriam desperdiçadas. Jogamos fora uma quantidade enorme de energia investida e sem retorno. Eu agora redireciono. No trabalho, no estudo, no blog, ou em qualquer outra coisa que dependa somente de mim. E que a mim retorne. A salvação sábia é egoísta. Oferendas ao nada, não mais.

"E quantos de nossos esforços e sacrifícios são, na verdade, 'oferendas' ao nada?"
(A Alma Imoral)

domingo, 13 de maio de 2012

Cybersozinhos

Dia das mães e eu aqui pensando em pessoas especiais. Não sei, às vezes penso o quanto esse excesso de informações e contatos e amigos e festas e noites e..e...e..., o quanto esse imediatismo atual prejudica o conhecimento real das pessoas. O quanto tudo tem a velocidade do som. E como as coisas começam e terminam nessa mesma velocidade. Tornamo-nos descartáveis pelo excesso. Porque são tantas relações sociais e virtuais, que se conhece todo mundo e não se conhece ninguém. Estamos formando a geração mais solitariamente social da História. Não se tem tempo para sintonizar amizades, amores. Nem mesmo desafetos. Tenho a sensação de estarmos sempre na superfície. Sem muito interesse nas profundezas. E eu acho tudo isso muito triste.

.: Ao meu bem, Felipe Vasconcellos, que em datas comemorativas, me salva da solidão me emprestando sua família ( Te amo nas profundezas!)


domingo, 6 de maio de 2012

Fé cega, faca amolada.

Após uma conversa com a amada Laura Marini, meio com sono, meio bêbada, ao chegar em casa de mais uma noite de risadas e avacalhações, fiquei a pensar no sentido de Deus na minha vida (sim, nós chegamos e ficamos conversando sobre religião, porque na TV estava passando a missa de domingo...rsrs). Já sei, já sei, religião, futebol e política, não se discute. Mas eu não estou aqui pra discutir. Durante muito tempo na minha vida, frequentei centro espírita e posso falar tranquilamente que entendo bem do assunto. Minha família nunca foi extremamente religiosa e não existe uma definição. Acho que por conta disso, não me sinto vinculada a nenhum templo, ceita, terreiro... Quando preciso, apelo para todos eles! Peço a Buda, Gandhi, Alan Kardec, Santo Expedito ( tá, Santo Antônio às vezes...), Yansã, Yemanjá, Freud, Chuck Norris... Se sou atendida, faço agradecimento pra geral e fica tudo ótimo. Na verdade, o Deus que acredito é aquele que sinto.Que vejo no olhar dos meus amigos, no cuidado dos meus pais, no amor dos meus irmãos. No pôr de sol do Arpoador, na Cachoeira da Fumaça, na música de Bethânia. Por isso, não dá para classificar essa imensidão em uma nomenclatura humana. É reduzir demais! Soa até prepotente. Respeito aqueles que seguem fielmente suas religiões, às vezes até invejo, acho bonito os que aparentam uma fé inabalável. Mas eu continuo a acreditar no universo como sendo Deus. Que eu nem sei se tem nome. Me estranha chamar tudo isso de Deus, mas se é pra ser assim, eu tenho o meu. E o meu Deus, é tudo aquilo que me enebria de amor e magia. Amém!


Alí eu senti Deus.

sábado, 28 de abril de 2012

Veto

Deveria ser proibido:

- Dizer o que não se sente;
- Olhar sem ver;
- Beijar sem querer;
- Jurar e não cumprir;
- Amar e não viver;



Ah... Deveria ser...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Oca em eco

Aí eu fumo pra caralho. Bebo pra caralho. Choro pra caralho. Mas falo muito pouco. Quase nada. O silêncio desesperado dos conformados.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Arroto.

Antes de começar, quero dizer que esse texto tem o único objetivo de expurgar. De tentar tornar mais leve a minha alma que, agora, encontra-se completamente densa, pesada. Escrevo agora só para mim e por mim. Porque eu estou sangrando. Por mais que eu não queira, por mais que não seja novo, sim, eu estou sangrando e dói. Não vou usar metáfora, não vou falar bonito. Quero ser Isadora-faca-no-peito: enfiar o dedo na ferida. Estou cansada de falsos bem-quereres. Eu não preciso disso. Dessa falsidade. Desse sentimento pirata. Nunca pedi a amizade nem o amor de ninguém. Graças à Deus, tudo que tenho foi fruto de conquista. Amor acaba. Amizade acaba. Eu aceito isso. Muito mais do que o fingimento, do que gente que quer sustentar o insustentável "você é importante pra mim". Ah para! Pra quê querer bancar esse discurso, vazio de sentido? Não me refiro à ninguém em especial, mas a alguéns que, para mim sim, são especiais. E estão deixando de ser. E é por isso que eu sangro. Gosto de somar pessoas especiais, e não de diminuí-las.Vai ver que, de repente, eu que tornei champagne, pessoas água com gás. Agora eu que aprenda a arrotá-las.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Eu quero um Rivotril.

Enquanto a insônia devora as horas da minha madrugada, minha cabeça não perdoa. Povoada de incertezas, angústias, conflitos, que só alimentam o dissabor da falta de sono, a danada da mente fica em eboliçao, me provocando, me castigando. Me enlouquecendo, eu diria. A gente sempre tem questões à pensar, as quais não queremos pensar, porque nos empurra a tomar decisões à respeito. Decisões essas que na maioria das vezes estamos protelando há um bom e gostoso tempo, na esperança de que um dia a vida venha e PLIM! Resolva por si só. Decidir é difícil. Mas na hora da insônia, no silêncio da casa quase inabitada (milagrosamente),  são elas, justo estas questões, que nos atordoam, dando pontadas agudas na nossa cabeça. Sempre fui ruim para tomar decisões, tenho medo de fazer a coisa errada, de estar me precipitando. Por isso demoro muito até chegar à martelada final. Para tanto, penso, penso, penso, analiso, peso, penso de novo e de novo. Isso pode levar um bom tempo, mas me dá a tranquilidade de decidir com fortes argumentos, com um pouco mais de segurança. Quando digo o que decidi, certamente já se passaram muitos carnavais pela minha massa cinzenta. Mas agora, nesse momento, eu só queria dormir!

Eu quero um Rivotril...


... Mas pode ser um cigarro.

quarta-feira, 14 de março de 2012

To change.

Ando sem inspiração pra escrever, e não me forço se não tenho vontade. Quando escrevo, os dedos funcionam como a língua da alma, portanto só escrevo quando ela quer falar. Mas, por ter mudado o endereço do blog e algumas coisitas nele (mas uma das inúmeras mudanças que venho fazendo na minha vida) resolvi postar alguma coisa. Esse vídeo do Deleuze é uma das coisas que mais gosto de ver. De uma simplicidade e grandeza sem igual. Vale a pena ver esse e os outros do "abecedário do Deleuze", disponível no youtube.  Divirtam-se!


quinta-feira, 1 de março de 2012

Quero a vida sempre assim.

Vão fazer 8 meses que estou morando no Rio. E todo santo dia, quando eu acordo, eu penso: "Caralho, eu moro no Rio de Janeiro!". Me emociono todos os dias. Pode parecer piegas, falso, mas é a mais pura verdade. Desconfio que não há nesse mundo, lugar mais bonito do que o Rio. Não que eu não ame minha cidade e não ache ela lindíssima...mas o Rio cara...o Rio é o Rio. Acordo e vou na varanda de casa, dou de cara com um morro enorme, cheio de mata. Desço e vou caminhar na orla.... aquela poesia que é a orla de Copacabana. Parece ter cheiro diferente, cor diferente. Algo enebriante, que deixa a gente meio bobo, meio apaixonado. Vou trabalhar e passo pelo Theatro Municipal, Biblioteca Nacional e aqueles prédios e casarões históricos arrepiam até o meu último fio de cabelo. Abro a janela do trabalho, e ele está lááá longe, no alto, com os seus braços abertos, abençoando toda a cidade e os que habitam nela. Suspiro...O Rio é mar, mas também é cachoeira. Lindas, no meio da floresta urbana. Um busu e meia hora de caminhada na mata, encontra-se águas doces para se refrescar.Lá, intocadas, parecem indiferentes ao caos urbano que as rodeiam.  E alí, também  nos tornamos indiferentes.  Mas se é caos o que se busca, é só correr pra Lapa, que, realmente, dispensa comentários (ou, pelo menos eu, prefiro não comentar)... Não tenho como não amar o Rio de Janeiro. Que me oferece tudo isso e ainda pôs na minha vida Laura, Samuel, Lua, Jô Bilac, Wagner, Sandro, Matheus, Osmar, Rodrigo, Roberta, Reinaldo, Maria (!!!), Chris... São muitas histórias já vividas, matando mil leões todos os dias. Mas todo esse sacrifício é muito válido. Porque para muitas coisas existe Mastercard, mas morar no Rio de Janeiro... Não tem preço!



"...Jardim florido de amor e saudade,

Terra que a todos seduz,

Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz."

Parabéns, cidade maravilhosa! E muito obrigada!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Mimi

Hoje estou, particularmente, sensível (leia-se: estou de TPM). Desta sensibilidade, sempre nascem questionamentos e afirmações a cerca da minha vida, da dos outros e do mundo. Hoje fiquei pensando no meu blog, nas coisas que escrevo nele, como desabafo, escancaro, na loucura de ser um diàrio intimo, conectado com o mundo. Jà falei de tanta gente, amores, que muitas vezes me divirto relendo textos que hoje jà não fazem sentido algum. Pois bem, quero hoje falar de alguèm que jamais deixarà de fazer sentido. Peço licença a quem lê, mas esse post é todinho dela, que hà pelo menos 12 anos me faz ter a certeza do seu amor. Seria desnecessàrio e cansativo citar aqui as inùmeras participações dela nos momentos especiais (e vários outros momentos nada especiais tambèm) da minha vida louca. Mas eu preciso agradecer. Porque nesse Rio de Janeiro de meu Deus, terra que filho chora e mãe não vê, eu já enxerguei tanta coisa. E, nessa distância toda, enxergar a luz da nossa amizade é, sempre foi, e tem sido crucial para o sustento do que eu sou, do que eu acredito e espero do mundo. Á você, minha Xen, tudo o que o meu coração conseguir ofertar de doce, de bom, de amor. Obrigada por cada abraço, por cada sorriso, por cada lágrima. Obrigada por segurar na minha mão e caminhar junto comigo por todos esses anos, apesar de todas as nossas inúúúmeras diferenças. Obrigada por ter estado comigo num dos piores momentos da minha vida, quando eu me vi naquela praça, desnorteada, questionando o sentido da vida, questionando o bem, o mal, maldizendo o amor em todas as suas formas, desacreditando do ser humano. Me lembro, e sei que você provavelmente nem lembra, de você me dizendo: "Ei, e eu? Eu não estou aqui? A gente não se ama? A gente é de verdade, e isso existe!". E isso me salvou tantas e tantas outras vezes, que você nem imagina!  Obrigada por estar aqui comigo. Te amo de um eterno sem fim.



Porque a gente é de verdade, e você é um dos motivos que me fazem crer que o amor existe.



PS.: Me perdoem pelos possiveis erros de acentuação, ou falta de. Estou usando um note que não fala a minha língua...rs.