sexta-feira, 17 de junho de 2011

Confissão para Odete

Eu queria dizer que não consigo esquecer da gente. Não consigo esquecer da magia do nosso encontro, de como nos conhecemos. De como as coisas foram acontecendo atropelando o tempo, as distâncias, ganhando tanto espaço em mim. E eu me esforço, todos os dias para apagar. Mas, como já disseram por aí, de tanto tentar esquecer, eu me lembro. Quando não lembro, sonho. E acordo num misto de gozo e tristeza, do que hoje é só lembrança, do que não existe mais, além de dentro de mim. Busco incessantemente sentir raiva. Pensar em um momento ruim. Em um momento ruim sequer. Simplesmente não encontro. O que encontro me desola, só tudo de bom. Eu já tentei entender o porque desse desfecho, até fiz a cafonice de me perguntar aonde foi que errei, quando no fundo, sei bem que não foi questão de erros e acertos. A questão é que simplesmente não foi. E que você foi, mas eu fiquei. Migalhando num presente seu, encontrar-te em pedaços. Quando, em verdade, os pedaços são todos meus. Eu queria confessar a Odete que não consigo, mas preciso.





quarta-feira, 15 de junho de 2011

Correndo Perigo


Será? Será que é assim mesmo? Nós corremos perigo? Eu revezo, mas posso confessar que pouquíssimas vezes corri do perigo. É de mim, abrir os braços para ele, quase implorar que ele me pegue, num pega-pega na beira do precipício. Falo isso sem orgulho algum. Mas também, não que seja louvável esconder-se. Que graça tem, todo mundo correndo, pulando no esconde-esconde, e você lá, escondido na mesma moita desde o início da brincadeira? Qual é o sentido de participar, então? Eu não. Saio da moita, vou parar detrás da árvore, de uma flor, às vezes até me escondo atrás de um alfinete...doidinha para ser encontrada. Correr PRO perigo. É meio discurso clichê de adolescente rebelde. Mas eu já não sou adolescente (também não sou nenhuma velhinha tá?), nem tão pouco rebelde, mas qual o sentido de uma vida morna? Nem quente...nem fria...morna. Definitivamente, não nasci para meio termos. Eu também corro do perigo, com o perigo, para o perigo. Mas quando é ele quem corre atrás de mim... Ah! Aí eu abro os braços!!! O perigo é a pimenta da vida.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mostre a Sua Cara!

Eu nunca entendi muito de política. Pra falar a verdade, eu entendo "necas". Não gosto, sempre achei tudo muito confuso, embaraçado e sujo e, por isso mesmo, decidi não tentar entender. Talvez esta seja a postura da maioria dos brasileiros. Acomodados com a esbórnia do país. Eu estava assim, alheia, até que Pedro (o Pondé) resolveu dar voz a sua indignação e abriu meus olhos. Fui pesquisar o que estava acontecendo e não pude acreditar. A construção da Hidrelétrica de Belo Monte está a um passo de se realizar. Eu nunca fui ativista, dado a minha repulsa à política. Mas no dia 03 de Junho, eu estava lá.


Eu fui, por ter tomado conhecimento de que a região que estão querendo inundar, abriga 174 espécies de peixes, 387 espécies de répteis, 440 espécies de aves e 259 espécies de mamíferos, algumas espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem na região), e outras ameaçadas de extinção. Ao longo do Rio Xingu, vivem cerca de 13 mil índios de 24 grupos étnicos diferentes, que por séculos vivem alí e estão simplesmente sendo despejados. Não quero ficar aqui numerando tudo, porque sei que a maioria vai ler e pensar: "pff, que saco", mas enquanto nós achamos um saco, o projeto vai caminhando, o IBAMA vai licenciando, e o absurdo se concretizando. Concordo que precisa-se gerar mais energia, porém há outras formas . A Usina, além desses pontos, é uma idéia caríssima, que não vai gerar energia que compense tudo isso. E a energia eólica? E a solar? E a de biomassa? Não são opções?


Não se trata de ser ou não ser ativista, mas de ser gente. De realmente ser um humano. Eu nunca escrevi aqui com intenção de modificar alguma coisa no mundo. Na verdade, se escrevo com algum objetivo, é o de ajudar a mim mesma, bem assim, egoísta. Mas desta vez, eu sinceramente espero que consiga comover alguém (ou alguéns), como Pedro me comoveu. Precisamos deixar de ser conformistas, acabar com essa balela de que protestos não dão em nada. Só de estarmos nas ruas, nos manifestando, dizendo aqueles que estão no Poder que sim, "estamos atentos e fortes", já é "dar em alguma coisa". Eu estive no protesto e posso dizer que foi uma das experiências mais incríveis que já vivi. Uma energia fenomenalmente boa, pessoas juntas pelo nosso país. Que se preocupam para além de seus umbigos. Que estão se preocupando com a minha vida, a sua, a dos seus filhos e netos. Enquanto você está aí, sentado na frente do computador, achando que já faz o seu papel.



"A hidrelétrica de Belo Monte propõe o barramento do rio Xingu com a construção de dois canais que desviarão o leito original do rio, com escavações da ordem de grandeza comparáveis ao canal do Panamá (200 milhões m3) e área de alagamento de 516 km2, o equivalente a um terço da cidade de São Paulo. O custo estimado da obra é de 30 bilhões de reais. "



sexta-feira, 3 de junho de 2011

Respeitem minhas olheiras negras


Certa feita, um pseudonamoradinho atentou para as minhas olheiras:

- Você tem olheiras bem escuras né?
-É...tenho...
- Passa aqueles cremes pra clarear. Tem dia que tá muito escura.
- É...tem...

Alí se foi 30% do meu tesão por ele. Eu realmente tenho olheiras e escuras. Mas elas dizem tanto sobre mim. É como se me situasse no espaço. As minhas olheiras querem dizer que sou filha de Leila e Cacau. Prima de Mariana Tum e irmã de Nuno e Giulia. É marca registrada das minhas duas famílias. Também podem sinalizar o meu humor. Se estiverem escuras-suaves, tá sussa. Em estando roxa... chegue não! Mas nem sempre, na maioria das vezes tem aquela velha e óbvia ligação com a noite perdida do dia anterior. Só que aí, eu estou mesmo um urso panda, e o meu rosto todo também não nega que estive sensualizando na pista. O mais engraçado é chegar nos lugares super descansada, depois de uma noite delícia de sono refazedor e ouvir: Eta, que a noite foi boa hein?! Foi mesmo. Na minha cama que é lugar quente.

Eu gosto das minhas olheiras, assim como dos meus pés-de-galinha. São as minhas referências. O que me diz: você é Bastos de Aragão. Portanto, por enquanto, nada de rodelas de pepino, tá?

E, a propósito...a vontade que me deu, foi retrucar pro meu afair:

-Pois, tenho olheiras escuras...posso passar cremes. E quem tem pinto pequeno?

rsrs. Brincadeirinha!!!!!