sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Exorcismo

Eu deixo você ir
Mas não esqueça a Lavradio
Nem a Channel em casa

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o escondidinho de carne
Nem o telefone fixo

Eu deixo você ir
Mas não esqueça a pedra
Nem o meio termo do chuveiro

Eu deixo você ir
Mas não esqueça da vitrola
Nem de Ella and Carlos

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o apartamento escuro
Nem o banho no breu

Eu deixo você ir
Mas não esqueça o som de Baby
Nem que dentro da menina, o menino dança

Eu deixo você ir
Mas não esqueça os 7 filhos
E da passagem para Abril

Eu deixo você ir
Porque é o que me resta
Eu também já vou, porém sem pressa
Só não esqueça.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cacos

De novo, eu me refaço. Desses frangalhos provocados por mim mesma, me reconstruo. Sempre sei dos riscos ao me lançar na vida. Ao apostar no invisível e me deixar guiar pelo faro confuso e intenso dos sentimentos. Eu sou dessas pessoas que sempre pagam pra ver. Não sei até que ponto isso é ruim ou bom. Na real, perdi esse discernimento há algum tempo, pelo bem de mim mesma. Bom é o que me faz bem, ruim eu não conheço. Prefiro achar que é aquilo que não foi assim tão bom. Porque se a gente for olhar minunciosamente, sempre é bom, de alguma forma, para alguma coisa. Sempre é. Por isso que eu vou lá e pago mesmo. E me entrego, vivo, suo a camisa orgulhosamente. Evito a sensação daquela música de algum ex-Titãs: "Devia ter arriscado mais, ter feito o que eu queria fazer...". Eu não devia nada. Sigo o meu faro e não tenho essa dívida. Não fico devendo nada a ninguém. O que não significa que eu não tenha medos, receios, claro que os tenho. Mas escolhi não petrificar. Eu sou movimento, vento, onda, água de cachoeira. E não fico devendo nada a ninguém. Principalmente a mim mesma, jamais.

Hoje me refaço, mais uma vez, em meus frangalhos. O amor sempre vale. 


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Não esqueça de lembrar.

Acordo e é a primeira cena que me vem a cabeça: Os teus olhinhos caídos e a sua boca côncava. A testa franzida, quase juntando as sobrancelhas. A minha respiração de grávida ainda mais ofegante e o gosto do sal das lágrimas em minha boca. O teu abraço apertado sem me deixar partir. O meu corpo amolecido, implorando por ficar. As tuas últimas súplicas: "Fica...". A dor dilacerante no meu peito, as pernas que não obedeciam o curso de descida das escadas. Você dentro de casa. Eu parada no meio da escada, sem conseguir descer nem subir, com um "PORQUE?" enorme rondando minha cabeça. Um não, vários. Resta, agora, uma angústia enorme e diária. O medo de vir a ser apenas uma lembrança boa, de que a gente vire um céu nublado e a clareza da grande probabilidade desses acontecimentos rasgando o sonho de um futuro pra três. Seja como for, seja o que for,só te peço que não nos esqueça. Mais do que isso: Que não nos reduza. A gente é enorme.

E que seja doce...



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pé na Tábua




Furacão.
Tempestade.
Vendaval.

Calmaria... Calmaria...
Calmaria-quase-tédio.

Destino.
Mistério.
Borboletas no estômago.
Destino cruel.

Fé...