terça-feira, 26 de novembro de 2013

O sapo não lava o pé.

Nos prostituímos. Todos nós, em algum momento da vida, nos prostituímos. Fazemos algo que não é lá tão prazeroso, mas que é rentável. Quem nunca? Se nunca, meu amigo, aguarde, fará. A questão é, até onde vale a pena? Porque há de se ter um gozo nisso, caso contrário, perde-se o sentido. Até que ponto o dinheiro compra a nossa submissão? Sufoco. Eu, que jamais me violentei, sufoco em notas de reais ensanguentadas goela abaixo. Não sou sozinha, não posso responder somente por mim. Carrego a missão de sentinela. Não sou eu, mas nós. E "nós" quer dizer uma vida. Ser responsável por uma vida é algo grandioso demais, capaz de criar um brejo no estômago com a quantidade de sapos engulidos. Mas são muitos sapos. São tantos, que periga não haver mais espaço. Temo que o próximo não consiga passar na garganta e pule pra fora, trazendo consigo uma enxurrada de sapos, girinos, rãs, que anseiam por também sair. Enquanto eles pulalam dentro de mim, vou acariciando-os com as notas. Fiquem mais um pouquinho, fiquem um pouquinho mais...