segunda-feira, 23 de março de 2009

“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.”
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.: Maravilhosa Clarice Lispector. Nós somos amigas (risos...).

sexta-feira, 20 de março de 2009

Memorando.

Gente eu estou ficando velha! Isso é fato! Tenho sentido isso dia após dia. Não porquê estou cheia de ruga e com a bunda caída, mas porquê tenho ficado cada vez mais seletiva e observadora das situações, o que só a idade e as experiências proporcionam. Por exemplo, com as amizades. Quando a gente é jovem é comum termos aquela galera gigaaante de amigos, onde todo mundo é legal e divertido. Quando ficamos mais velhos, aprendemos a filtrar essa galera e o que fica é muito pouco. Um pouco bastante significativo, talvez mais até do que toda aquela galera, mas, realmente, não se compara em termos numéricos. É engraçado como esse ano tem sido uma ano de bastante reflexão para mim, desde o início. Acho que esse 1/4 de século que vou completar tem mexido muito com o meu íntimo (risos!). Quando eu era adolescente tinha vários planos: com 20 anos vou começar a namorar sério e com esse namorado vou noivar aos 22. Com 24 me caso e com 26 tenho o meu primeiro filho. Ah! E aos 20 também já teria (supostamente) saído de casa, porque teria um emprego que me possibilitaria isso. Trajetória brilhante de vida. Realizações??? Até agora nenhuma!!!rsrsrsrs. Mas vamo que vamo! As coisas não caminharam bem como imaginei, mas não posso negar que não imaginava aprender tanto em termo de relações pessoais como aprendi durante esse tempo. Aprendi com a vida e com os tabefes que ela me deu que amizade é muito mais que abraçar, dizer que ama e chamar de amiga ou amigo (aquele bom e falso "oi amigááá", de alguém que você conheceu ontem). Existem amigos meus que eu só vejo uma vez no ano, mas que são muito mais presentes do que muitos que convivo diariamente. Aprendi que o amor é muito maior que uma relação carnal, é algo que transcende. Amor é uma energia vital que deve ser cultivada, apesar de tudo, apesar de nada. Aprendi que família é sim a coisa mais importante do mundo. Lembro de ter ouvido isso até cansar na minha adolescência e não ter dado muita bola. Natural, adolescente é assim mesmo, mas é a maior verdade desse mundo. Na hora do grande sufoco mesmo, não dá outra, são eles que estão lá sim, não duvidem. Aprendi muita coisa, e por isso não me queixo dos planos frustrados da adolescência... porque sei que ainda posso noivar aos 27, casar aos 30 e ter um filho aos 31!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Controlando minha maluquez misturada com minha lucidez.

Eu tenho muita inveja dos "maluco". Eu digo maluco, maluco mesmo, desses que a gente vê perambulando pelas ruas, não os que se dizem maluco-mutchodoido porque fumam maconha, leram uma frase de filosofia e ouvem Bob Marley (com todo respeito a esse grande homem). Maluco de rua (pode-se incluir os moradores de rua também) faz o que quer e, geralmente, são muito inteligentes. Uma vez eu estava indo pro meu colégio e tive que parar debaixo de uma árvore no caminho porque começou a chover. Quando me dei conta tinha um maluco sentado do meu lado. Fiquei logo com medo, mas a chuva estava demais e ele não me pareceu ofensivo. Fiquei lá um tempão e nada da chuva passar, e ele só me olhando. Pensei: "Poxa, como eu queria sentar no papelão com ele". Mas fiquei na minha. Até que olhei pra ele e quando eu ia pedir ele me convidou pra sentar. Sentei. Morrendo de medo. Não me lembro dos detalhes da conversa porque já fazem muitos anos, mas lembro de ele ter me questionado sobre a grandeza da chuva. A conversa foi tão prazerosa que a chuva passou e eu nem me dei conta. Fiquei lá conversando com ele e admirada na riqueza da lente dos olhos daquele homem. Na maneira detalhada e pura com que ele fazia suas observações do mundo. Lembro de ele ter me dito para nunca me acostumar com as coisas. Nunca me acostumar com o vento, com a chuva, com o sol, com as pessoas. Quem se acostuma se acomoda. Quem não se acostuma, admira. Maluco grita, quando quer gritar, rir, chora, sem se incomodar com a presença dos outros. Maluco fala sozinho, dorme na rua, toma chuva na cabeça. Maluco vive de verdade. Eu até hoje ouço a voz do "meu" maluco. Não passo um dia pela orla sem admirar aquele marzão. Me admiro de coisas pequenas, como por exemplo o respirar. Vocês já pararam pra pensar como o nosso organismo é fantástico? Você não pensa pra respirar, você simplesmente respira! Muito bom! E a internet??? Meu Deus, a internet é muita onda! Você fala com gente do mundo todo e ainda vê a pessoa que tá nos Cabrobró do Juda (na Grécia por exemplo...rsrs)!!! Quando a gente admira as coisas, se surpreende com elas, a vida é sempre interessante. Por tanto, se admire sempre de tudo, inclusive de você. Sinta a vida mais de perto, tome um banho de chuva no meio da madrugada, um banho de mar de noite no Porto da Barra...sei lá! Torne-se maluco pelo menos por um instante...te asseguro que é bem saudável! Palavra de (futura) psicóloga!




"... Vou rasgar dinheiro, tocar fogo nele, só pra variar..."