quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pombo correio, voa depressa.

Estava tudo dando errado. Sabe aquele dia que não era pra você sair de sua casa? O trabalho está um saco, você está feia, quase bate o carro. Rola uma puta dor de cabeça. Está tudo errado e o que você quer é ir pra sua casa. Pois, estava eu fazendo isso na noite de terça-feira (28/09), quando recebo uma ligação de minha irmã, a qual atendi no meu super mau-humor do dia:

- O que é?
- Tá aonde?
- Tô indo pra casa. É o quê?
- Ah, então deixe, ia te chamar pra ir pro show de Moraes, que ganhei convites...
- Oxe, SÓ SE FOR AGORA!

Num instante a vida mudou! "Pô...hoje é meu dia de sorte!". Fomos pro show de Moraes Moreira, no projeto Música Falada, onde os artistas são convidados a contar e cantar a sua estória. Nada mais interessante do que a estória de Moraes, pra mim. Sou fã dos Novos Baianos. Fã de Moraes, da sua regionalidade, da sua voz e jeitão ímpar. E sempre fui frustrada por não ter vivido aquela época. Sempre achei que nasci na década errada. Está alí, ouvindo aquilo tudo, era como se tudo tivesse acontecendo novamente, e eu estava alí, presenciando. Me deu saudade do tudo que eu não vivi. Das loucuras doa anos setenta, da ditadura. Queria tanto estar lá...certeza que ia me mudar pro sítio do "Novos Baianos F.C". E ele ia contando as estórias e eu ia me identificando, me arrepiando, me emocionando. Moraes contava em Cordel, o seu encontro com João Gilberto. E as cenas iam se construindo na minha cabeça. Eu estava lá, eu estava lá!!! E todo mundo sentado... poxa, show de Moraes Moreira, ele fazendo um puta som, eu me coçando pra levantar...

- Renata, eu vou levantar.
- Não, Lorena, ninguém vai levantar!
- Que nada, tá todo mundo esperando uma deixa!
- Não, Lorena...
- Ih...

Me contive... E o povo lá...teso! Até que Moraes tocou "Cidadão" (aquela assim: "Navio Negreiro já era, agora quem manda é a galera, nessa cidade nação...Cidadão!"). Aí foi a gota! Nos levantamos e fomos para a lateral das cadeiras e tome a dançar! Entrega total! Dedinho pra cima, pra baixo, uhuuu! Desabafamos!!! Aí foi só alegria! Todo mundo se levantou, o teatro virou a Praça da Sé quando Moraes "chamou gente"! Ele se emocionou, emocionou a todos que estavam alí. É bom ter Moraes de volta ao carnaval de Salvador, é bom ter Moraes na música brasileira, e é, principalmente, um orgulho saber que aquele talento todo, é baiano! Salve os grandes nomes da música brasileira, salve nossos eternos gigantes!



.: PS: Foto tirada no museu do ritmo, onde eu paguei meeeesmo de tiete ("Moraes, eu sou sua fã!"... "É? Legaaal...")

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O valor das coisas.

Me lembro como hoje, a nossa primeira viagem juntas. Muita ansiedade, pelo lugar, e por também ainda não saber muito como lidar com ela. Depois de muita atrapalhação, conseguimos arrumá-la. Mas dessa primeira experiência, ela não foi muito badalada não. Por motivos extras, que prefiro não comentar, ficou lá, erguida, mas vazia. A verdade é essa.

O que não durou muito tempo... Já que diversas outras aventuras protagonizamos juntas. Subimos o morro juntas, ela pesando demais em minhas costas, mas eu tive que carregá-la, pois não poderia ir sem ela. Fomos dormir lá no alto das montanhas, na beira de uma cachoeira. Ah... Ainda bem que ela me é fiel, e não conta nada. Porque se ela resolvesse dar com a língua nos dentes, eu estaria acabada. Passamos muito frio juntas. Teve uma certa vez em que até água nos invadiu. Foi uma mistura de risos e desespero naquela noite.

Após algumas aventuras pelo serrado, resolvemos esquentar o clima. Aportamos em areias alagoanas por duas vezes. Ah... as areias alagoanas... tenho certeza que jamais esqueceremos aquela boa temporada. Chegamos bem tímidas na primeira vez... Mas na segunda, já estávamos "local". Fomos eu, ela, e uma outra grande companheira.

Nada mais belo do que a Praia do Francês. Nada mais louco, nada mais intenso... E agora, nada mais. Nem louco, nem francês, nem ela. É que ela não era minha, de verdade. Poderia ser, por Uso Capião, dois anos juntas, mas a verdade é que não era. Foi adquirida por uma amiga, dessas amigas empolgadas, que se você botar uma pilha, ela compra até prancha de surf, sem nem saber nadar, sabe? Foi adquirida por ela, mas ela nunca usou. Nunca nem me pediu pra usar. Nem vai usar nunca, sabe. Mas ela a levou de mim... Com certeza pra ficar na garagem, enfeitando o seu orgulho em dizer: "eu tenho uma barraca". Ou então pra emprestar aos amigos descolados. Até quis comprar ela, mas não teve muita conversa. Juro que fiquei muito sentida. Eu nem sabia que era tão apegada a ela, mas quando me vi sem, fiquei triste de verdade! Sei que você deve estar pensando que é tudo muito dramático, e é realmente. Mas é de verdade. Estou me sentindo meio sem teto. E imaginar que ela vai ficar lá pegando mofo, me dói mais ainda. Eu sei que não era minha, eu sei... mas qual o sentido de pegar de volta de uma amiga sua, um sapato 35, se você agora calça 37? Só porque é seu?! Deixa com ela, que ela faz bom uso! Ou então vende, que ela compra!!! Sei que ela poderia comprar uma nova, na loja, mas ela quer essa! Essa, que tem areia dentro, que ela não conseguiu limpar. Essa que está com um furinho básico na entrada, daquele cigarro que pegou sem querer. Ela queria essa, que guarda todas as lembranças de tantas histórias. Outra, na loja Centauro, não interessa.

Sim, com muito drama mesmo.

Lorena.