Foi com um sorriso de canto de boca e uma interrogação no coração, que cliquei no link de "nova postagem" aqui do blog. Mais de um ano sem escrever uma linha... Tanta coisa aconteceu, tanta coisa anda acontecendo... Tenho vontade de gargalhar, porque ter vindo aqui escrever alguma coisa, é assinar um atestado de que algo está mexendo , insuportavelmente, com a minha cabeça e, sobretudo, com o meu coração. E eu me sinto um tanto ridícula e ao mesmo tempo "remoçando" por isso. Me sinto diferente. Estava lendo os outros textos e fiquei realmente admirada com minha coragem! As linhas escritas eram corações transbordantes! Que bonito que era! E ingênuo! Enquanto a atual de mim está aqui, enrolando durante todo esse tempo, sem querer se expor, sem querer dizer o real motivo desta passagem repentina por aqui. A gente aprende com a vida, amadurece, endurece. Eu endureci bastante. Tomei nocautes homéricos. Acho que por isso tenho sido mais cautelosa com os meu sentimentos. Aprendi a domá-los, talvez. Estou torcendo bastante por isso (risos de novo). Caminho por onde eu quero, não mais por onde me leva o vento. Amadurecer é bom. Endurecer não. Por isso estou feliz por ver o meu coração ficando molinho. Sim, tem coisas acontecendo dentro dele. E isso já é motivo suficiente para me fazer sorrir!
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Eu tenho Zumbi,Besouro, o chefe dos tupis
Sou Tupinambá, tenho os erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curare, flechas e altares
À velocidade da luz, no escuro da mata escura
O breu, o silêncio, a espera
Eu tenho Jesus, Maria e José
Todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, eu não ando só
Não misturo, não me dobro
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo
Garante meu sangue, minha garganta
O veneno do mal não acha passagem
E em meu coração, Maria acende sua luz e me aponta o caminho
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Tô no recôncavo, tô em fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de João menino
Rezo com as três Marias, vou além
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas
Durmo na forja de Ogum, mergulho no calor da lava dos vulcões
Corpo vivo de Xangô
Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva
Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva
Medo não me alcança
No deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro, no oásis de Bethânia
Pessoa que eu ando só, atente ao tempo
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra
Fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não
Onde vai, valente?
Você secou, seus olhos insones secaram
Não veem brotar a relva que cresce livre e verde longe da tua cegueira
Seus ouvidos se fecharam a qualquer música, a qualquer som
Nem o bem, nem o mal pensam em ti, ninguém te escolhe
Você pisa na terra, mas não a sente, apenas pisa
Apenas vaga sobre o planeta, e já nem ouve as teclas do teu piano
Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona, não tem alma
Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo
O que é teu já tá guardado
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
O que é teu já tá guardado
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Eu posso engolir você, só pra cuspir depois
Minha fome é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Que brotam do poeta em toda poesia
Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Vem morar comigo. Me registra em cartório e vamos criar nossos filhos juntos! Você não vê? Não percebe? 0 esforço é em vão... Quando achamos que tomamos rumos diferentes nas nossas vidas, vem o destino e nos esbofeteia. Pega a minha estrada, desce ela pro Sudeste, volta pro Nordeste, vira pra esquerda, passa no Centro-Oeste, vira pra direita, e cola mais uma vez na tua. Incansavelmente na tua. Então que tal se a gente desistir de teimar? Não quero mais fingir que não entendi. Nós nos pertencemos do Oiapoque ao Chui. Vem morar comigo, vamos criar nossos filhos juntos!
Depois que temos um filho, passamos tanto tempo sendo mãe
que a mulher fica um pouco de lado, adormecida. A minha mulher andava bem
desprezada, sem tempo para reagir. Entre dissabores trabalhistas e agonias
convalescentes, a pobre coitada nem ousou pleitear lugar ao sol. Mas enquanto a
mãezona cumpria sua função, entre uma papinha e outra, sempre passava o olho na
velha amiga-cansada-de-guerra. Às vezes sussurrava em seu ouvido: “Calma minha
nega, seu tempo há de chegar”. Sorriso amarelo como resposta. E a mãe corria
para o médico, corria para o trabalho, corria para a creche. Até que um dia....
AAAAAAAAAAAH! EU QUERO UM LUGAAAR!!!
Esbravejou em alto e bom som, a mulher descabelada. Sem
poder conter a fúria daquela doidivanas, a mãe cedeu a vez. Ainda que sem muito
brilho, a mulher aprumou-se e, e em meio a um mar de chuva, desceu o morro em
direção a velha e conhecida zona boemia mais amada de São Sebastião do Rio de
Janeiro: A Lapa. Sem contar conversa, foi pro bar de costume. Solicitou ao
garçom: “Querido, mais um gengibre, por favor”, como de costume, Falou alto,
conheceu gente, repetiu esta frase ao garçom pelo menos mais umas 5 vezes, como
de costume. Finalizou a noite com um saldo super positivo, claro, como
costumava fazer. Foi ao trabalho, no dia seguinte, com a roupa da noite
anterior, olhos de ressaca faiscando e um sorriso de canto de boca de quem fica
repassando os fatos ocorridos, sem poder (nem querer) dividir com ninguém. Não
foi fácil desencorporar a mulher do corpo da mãe. Na verdade, ainda estou
tentando. A danada se instalou e não quer arredar o pé. Como amo muito estas
duas versões de mim, decidi misturá-las e deixarem que vivam juntas e em paz.
Portanto, aos desavisados, quando me encontrarem por aí, cuidado. Estarão
lidando com uma super Mãelher! E eu não respondo por elas...
Nos prostituímos. Todos nós, em algum momento da vida, nos prostituímos. Fazemos algo que não é lá tão prazeroso, mas que é rentável. Quem nunca? Se nunca, meu amigo, aguarde, fará. A questão é, até onde vale a pena? Porque há de se ter um gozo nisso, caso contrário, perde-se o sentido. Até que ponto o dinheiro compra a nossa submissão? Sufoco. Eu, que jamais me violentei, sufoco em notas de reais ensanguentadas goela abaixo. Não sou sozinha, não posso responder somente por mim. Carrego a missão de sentinela. Não sou eu, mas nós. E "nós" quer dizer uma vida. Ser responsável por uma vida é algo grandioso demais, capaz de criar um brejo no estômago com a quantidade de sapos engulidos. Mas são muitos sapos. São tantos, que periga não haver mais espaço. Temo que o próximo não consiga passar na garganta e pule pra fora, trazendo consigo uma enxurrada de sapos, girinos, rãs, que anseiam por também sair. Enquanto eles pulalam dentro de mim, vou acariciando-os com as notas. Fiquem mais um pouquinho, fiquem um pouquinho mais...
Nunca me importei muito com meu aniversário, nem gosto de parabéns. Mas nada mais gostoso do que receber uma mensagem como essa que me deixou muda e orgulhosa da família que formamos.
De: Prix
Para: Lorena
Guardada as devidas censuras e adaptações.
Em 02.09.2013:
"Coincidências são apenas roupas que o destino veste.
A gente vive tentando definir, limitar, dar explicação, entender, racionalizar, enfim, dar cabo de alguma forma para "as coisas da vida". Mas, para algumas coisas, simplesmente, não há o que se fazer. Conforme-se. São porque eram para ser. Daí, uma bela e serena noite, num nada belo e sereno bar, eu, carioca-baiana, conheço uma baiana-carioca. Ok. Devem existir centenas de cariocas que amam e se afinam com Salvador, assim como outros centenas de baianas que ama e se afinam com o Rio. Mas, não bastasse essa leve "coincidência", a afinidade foi imediata. Algumas poucas palavras trocadas, na maioria putarias, muitas gargalhadas e cervejas depois e o desespero do Universo estava armado: a amizade foi selada. Assim mesmo, naturalmente, sem floreios, sem grandes fogos de artifício. Como várias outras coisas boas e simples da vida. Continuando a história, descubro que aquela baiana-carioca faz parte de uma espécie rara de pessoas, a qual eu também faço, a arrogante e perspicaz tribo dos Virginianos. Um tipo muito único de pessoa que só sendo para compreender.
(...)
Eis que ela gera uma vida, que por conta desses caminhos da vida eu acompanhei o começo, aqui no Rio, e parte do final, em Salvador. Essa vida é de um menino, Inácio. Alguns meses depois, eu gero uma vida. De um menino, Gael, que ela acompanhou o começo, em Salvador, e vem acompanhar o final, aqui no Rio. Eita! Já me perdi no placar das coincidências.
Mas, não acaba por aí, pois até nosso anjo negro da guarda foi uma feliz coincidência: Samuel: "aquele a quem Deus ouve e indica uma pessoa que age com determinação e justiça", para cuidar desses nossos meninos, filhos da mãe. Pois, outra coincidência de nossas vidas, nossos filhos são filhos da mãe, mesmo!
Faltaram tantos detalhes, tantas pessoas, relações, encontros e ainda assim essa nossa história de coincidências é impressionantemente maravilhosa. O mais incrível é que nem nos meus sonhos mais loucos e criativos eu imaginei que minha alma gêmea era metade baiana e metade aracajuano. Mas, acho que para gente como a gente a vida é assim mesmo. Tem uma fórmula própria, não segue bula, instruções, formato como o Amor. É porque é. E como tem que ser.
Hoje, você é parte do meu todo. Não poderia te desejar um simples " PARABÉNS, MUITOS ANOS DE VIDA". O que eu te desejo é VIDA, louca, intensa, aberta, livre, leve e feliz como nós. Que o nosso amanhã continue repleto dessas maravilhosas "coincidências". Nosso amor estará sempre com vocês."
Um suspiro. Um
longo suspiro. É dessa forma que começo a vomitar em escrita, o que a fala não
foi capaz de dizer. Ou não quis dizer. Por covardia, medo, proteção. É controverso
esse bloqueio que me dá sempre que trato dos meus sentimentos. Logo eu, tão
falante, tão senhora de mim, tão transparente. Mas dessas coisas, meu caro,
ninguém esta à salvo. Tenho carcaça, verdadeiras armaduras construidas pelos
dissabores de vidas a dois, que vez em quando me protegem, vetando demasiados
falatórios desnecessários ou, até mesmo necessários. Engraçado, aqui também
continuo enrolando né?! Eu sei. Para mim é dificil te dizer o que senti, o que
sinto por nós dois. É perigoso entrar como eu entrei, me envolver como me
envolvi, numa relação onde eu já conhecia o desfecho. Onde desde o início fui
alertada: “É tudo somente sexo e amizade”.
Deixei o barco correr (ou seria o bote?), deixamos né?! E floresceu.
Inesperadamente. Aquele menino safado, com cara de cafajeste e atestado de
confusão-no-seu-coração, me queria perto dele. E eu queria ele perto de mim.
Arredio no início, foi cedendo, se mostrando…e me ganhando cada dia mais. E
aquela moça que no início dizia prepotente: “ A primeira a pular do barco sou
eu”, agora já pensava em comprar uma vela, pro barco navegar calmamente, no
rítmo que o mar escolhesse. Estou sendo vaga né, abstrata eu sei. Mas estou me
esforçando, juro. Te dizer o que estou sentindo é me despir na sua frente,
tirar a armadura, ficar vulnerável. A vulnerabilidade me assusta muito. Mas
esqueçamos toda essa baboseira. Não tem a mulher que pula do barco, não tem
armadura. Eu me envolvi e gostei. E continuo, medrosamente, gostando. Não crio
castelos mentais para nós dois porque não me permito. Porque você não me
permitiu também. Não, não estou jogando para você isso. Eu sei que existem
muitas outras coisas e pessoas envolvidas, não te peço explicações e nem
justificativas quanto a isso. Essas questões são suas. É você quem deve saber
delas, não eu. Mas negar a esperança, é negar a minha humanidade. É negar a
mim. Espero sim, que você volte logo, antes que tudo isso se perca, antes que a
minha covardia desista de tentar sonhar e eu ponha a armadura velha e pesada
mais uma vez. Que volte com o novo. Com o bote, com as cuecas, com a doçura e
até mesmo com as ferraduras (poucas, por favor). Quero sentir novamente o teu
peso sobre mim, te sentir do lado e por dentro, na nossa deliciosa comunhão e
troca. E o que vai ser disso tudo? Nem desconfio. Mas já gosto do que está
sendo
.
O que quero te dizer é que você, passarinho,
fez um ninho em mim. Cabe a ti ocupá-lo. Ou não.