sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mulher, maravilha!

Depois que temos um filho, passamos tanto tempo sendo mãe que a mulher fica um pouco de lado, adormecida. A minha mulher andava bem desprezada, sem tempo para reagir. Entre dissabores trabalhistas e agonias convalescentes, a pobre coitada nem ousou pleitear lugar ao sol. Mas enquanto a mãezona cumpria sua função, entre uma papinha e outra, sempre passava o olho na velha amiga-cansada-de-guerra. Às vezes sussurrava em seu ouvido: “Calma minha nega, seu tempo há de chegar”. Sorriso amarelo como resposta. E a mãe corria para o médico, corria para o trabalho, corria para a creche. Até que um dia....


AAAAAAAAAAAH! EU QUERO UM LUGAAAR!!!



Esbravejou em alto e bom som, a mulher descabelada. Sem poder conter a fúria daquela doidivanas, a mãe cedeu a vez. Ainda que sem muito brilho, a mulher aprumou-se e, e em meio a um mar de chuva, desceu o morro em direção a velha e conhecida zona boemia mais amada de São Sebastião do Rio de Janeiro: A Lapa. Sem contar conversa, foi pro bar de costume. Solicitou ao garçom: “Querido, mais um gengibre, por favor”, como de costume, Falou alto, conheceu gente, repetiu esta frase ao garçom pelo menos mais umas 5 vezes, como de costume. Finalizou a noite com um saldo super positivo, claro, como costumava fazer. Foi ao trabalho, no dia seguinte, com a roupa da noite anterior, olhos de ressaca faiscando e um sorriso de canto de boca de quem fica repassando os fatos ocorridos, sem poder (nem querer) dividir com ninguém. Não foi fácil desencorporar a mulher do corpo da mãe. Na verdade, ainda estou tentando. A danada se instalou e não quer arredar o pé. Como amo muito estas duas versões de mim, decidi misturá-las e deixarem que vivam juntas e em paz. Portanto, aos desavisados, quando me encontrarem por aí, cuidado. Estarão lidando com uma super Mãelher! E eu não respondo por elas...


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