Sempre que volto de um concerto, tenho vontade de escrever. Acabei de chegar de um, no Theatro Municipal. É engraçado observar as diferenças de comportamento dos cariocas e baianos. O concerto foi à tarde, as 16 horas, então eu, ingenuamente, pensei: "Ah, não precisa ir nas pompas né?!". Errado. O povo aqui é chique, bem. Ainda mais no frio e no Municipal. Tudo bem que não fui mulambenta, mas fui com minha roupa TCA. Caros soteropolitanos, roupa de TCA para o Municipal, é traje esporte. Pois bem, conformada com minha pequena gafe, sentei (no camarote, porque sou muito bem relacionada) para apreciar o concerto. Já disse antes que não entendo nada a respeito de instrumentos, notas, óperas, sinfonias. Vou porque gosto. Aí fiquei observando os músicos e comecei a relacioná-los com seus instrumentos. Os violinistas parecem ser gente bem chata, sabe? Aquele povo perfeccionista, que não deixa uma poeira sequer no móvel de casa e carrega álcool/gel na bolsa.Devem ser todos virginianos. A galera do baixo e o rapaz da tuba não são, mas deveriam ser todos gordos. O som deles tem cara de gente gorda comendo muito. A turma do Oboé...não sei, mas acho que eles queriam mesmo era ser maestro. Os flautistas não. Eles queriam ser hippies, tocar para as borboletas. Talvez o façam, quando se aposentarem. A galera das trompas...putz! Só podem ser doidões. Ficam soprando aquele troço, o olho esbugalha, a buchecha infla. Sei lá...eles tem cara de doidões, mesmo trabalhados no traje de gala. O rapaz dos tímpanos, bom, poderia facilmente ser professor de física. Muita cara de professor. Aí tem o povo do fundão. A percurssão. Na verdade, quando pequenos, eles sonhavam em tocar no trio de Daniela Mercury, no carnaval de Salvador. Os pais, muito preocupados, os matricularam numa escola de música a tempo de salvar suas almas. E o maestro. Aí a coisa é séria. Foi colega de Amy na adolescência, papai e mamãe mandaram pra rehab aos 16 anos, ele ficou por 2 meses, depois disse "no, no, no". Saiu de lá com diagnóstico de Esquizofrenia, frequentou psiquiatra e psicólogo, daí sublimou. Virou Maestro.
